quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Sobre a Cegueira, Sobre a Lucidez, Sobre o que voce quiser...




"Lutar foi sempre, mais ou menos, uma forma de cegueira, Isto é diferente, Farás o que melhor te parecer, mas não te esqueças daquilo que nós somos aqui, cegos, simplesmente cegos, cegos sem retóricas nem comiserações, o mundo caridoso e pitoresco dos ceguinhos acabou, agora é o reino duro, cruel e implacável dos cegos, Se tu pudesses ver o que eu sou obrigada a ver, quererias estar cego, Acredito, mas não preciso, cego já estou, Perdoa-me, meu querido, se tu soubesses, Sei, sei, levei a minha vida a olhar para dentro dos olhos das pessoas, é o único lugar do corpo onde talvez ainda exista uma alma, e se eles se perderam"




- Por que foi que cegámos
?
- Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão
.
- Queres que te diga o que penso?
- Diz.
- Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem.



(Ensaio Sobre a Cegueira - José Saramago - 1995)


Qual a importância de ter olhos quando todos os perderam?
O que, em um momento de grande desespero, voce faria tendo que defecar nos pés do seu chefe ou bater no seu pai estando todos cegos em quarentena na sua cidade, na sua cidade cega, na sua cega cidade, o que voce faria?
O Texto extremamente realista, causa medo, dor, angústia, sofrimento por hora. O que chega a ser meio real, termina por ser uma coisa surreal e metafóricamente estranho, paradoxal.
Sim, como eu vou me sentir mau lendo uma coisa hipotéticamente impossível de se acontecer?
Nao existe.
O Que Existe é o fato de o eminente Saramago, respeitadíssimo escritor lusitano, nos deixar reduzidos ao nada!

Eu falei: NADA.

Imagine voce tendo que, em condiçoes sub-humanas de convivencia, sem a visão, sem perspectiva de nada mais na vida... te jogam em um lugar qualquer, um galpão, e, junto a outros tantos cegos e decadentes voces precisam um do outro pra se virar.Voce do lado do presidente da rebuplica, do lado da secretaria do seu médico, do lado de seu ex namorado, do lado do seu pior inimigo. Os Instintos e sensações humanas nao cessam, eles continuam... intensos!
Fome, sede, sexo, carinho ao proximo, ódio, medo, repulsa, desejo, nojo, constrangimento... voce e desconhecidos...odores, vontades.. todos alí, juntos como animais naquele lugar fétido, totalmente cegos e quase irracionais!
Absurdo? Sim, pode ser!
Apenas imagine!
Pense, se coloque naquele lugar isolado da cidade, do lado dessas pessoas, cegas, cegas como voce!
Insisto, apenas imagine.
Fantástico é uma mente brilhante te fazer ler isso e te deixar se sentindo um dejeto humano como esses personagens do mundo de Saramago!
Absurdo? pode ser, mas humano, bem humano.

Qual, qual a importancia de ter olhos quando todos os perderam?
Até onde vai a subjetividade daquela frase-clichê: Olhe pra dentro de si, e tente vê!
A Epidemica cegueira generalizada de Saramago pode servir pra melhorar a visão de alguns ou piorar de vez, se ela nao te abrir os olhos apela pra Platão e o mito da caverna, se Platao nao resolver pega um livrinho ordinário de auto-ajuda e seja feliz! :)

fica a dica.


"Uma coisa que nao tem nome, essa coisa é o que nós somos." José Saramago






- Loredana Ramos -

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Dura na queda!

Perdida
Na avenida
Canta seu enredo
Fora do carnaval
Perdeu a saia
Perdeu o emprego
Desfila natural

Esquinas
Mil buzinas
Imagina orquestras
Samba no chafariz
Viva a folia
A dor não presta
Felicidade, sim

O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas

Bambeia
Cambaleia
É dura na queda
Custa a cair em si
Largou família
Bebeu veneno
E VAI MORRER DE RIR

Vagueia
Devaneia
Já apanhou à beça
Mas para quem sabe olhar
A flor também é
Ferida aberta
E não se vê chorar

O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol,a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas

Chico Buarque de Hollanda - Dura na queda

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Fez-se mar

Parece que o amor chegou aí
Eu não estava lá, mas eu vi
Eu não estava lá, mas eu vi

(Marcelo Camelo)
Los Hermanos 4 - 2005